Clube

Atividade

O início

A estruturação da atividade do Clube teve como ponto de partida a instalação de uma estação sísmica na escola sede do Agrupamento de Escolas Fernão do Pó, para deteção, registo, análise e divulgação de registos sísmicos. Para alcançar este objetivo, além da preparação do espaço físico e criação das condições mínimas necessárias (computador, software, ligação à rede, sistema de aquisição de dados, etc...), foi necessário tomar uma primeira decisão: adquirir um modelo escolar de sismómetro (em kit ou já pronto a utilizar) ou construir um.

Tomada a decisão de construção de um modelo de sismómetro (independentemente da possibilidade de, mais tarde, poderem vir a ser usados modelos escolares), seguiu-se todo o trabalho de preparação necessário. Pesquisa de informação sobre tipos de sismómetros e sua construção; seleção do tipo de sismómetro a construir; pesquisa de tutoriais de construção e dos materiais necessários; pesquisa de materiais necessários e aquisição dos mesmos.

Durante parte deste período, o Clube teve em funcionamento um Geofone de 4.5 Hz, modelo comercial, cedido temporariamente. Assim, podemos dizer que primeiro sismómetro a funcionar na estação sísmica foi um Geofone de 4.5 Hz! Dada a sua elevada frequência natural (4.5 Hz), um geofone com estas características apenas permite o registo de vibrações locais, uma vez que apenas reproduz bem sinais com frequências acima da sua frequência natural. Não permite "caçar" sismos, mas regista bem as vibrações próximas, devidas à atividade no edifício da escola ou nas suas proximidades (por ex. trânsito).

O geofone esteve em funcionamento até meados de outubro de 2020, altura em que o sismómetro omnidirecional o substituiu. O sismómetro omnidirecional registou o seu primeiro sismo (o primeiro registado na estação) no 22 de outubro de 2020, um sismo de magnitude 3.8 com epicentro localizado aproximadamente a 50 km a Oeste-Noroeste do Cabo Mondego, a cerca de 118 Km do Bombarral.

Imagem (jAmaSeis) do dia 22 de outubro de 2020 com o registo do primeiro sismo (sinal forte à direita) detetado na estação AEFP.

Atividade na escola e proximidades. Ruído

Qualquer sensor sísmico capta "ruído" durante a maior parte do tempo em que está em funcionamento. Se o objetivo for "caçar sismos", então o geofone que esteve instalado no Clube, apenas captou "ruído". Mas o ruído (captado pelo geofone, sismómetro omnidirecional ou AS-1) contém muita informação, incluído uma componente sobre o local de instalação do aparelho e atividades que aí se desenvolvem.

Desde que a estação entrou em funcionamento, a atividade da escola e da sua envolvente está a ser permanentemente registada, sendo possível distinguir claramente os períodos de atividade dos períodos de ausência de atividade (dias e noites; dias da semana e fins de semana; período de atividades letivas e período de férias) ou mesmo, em alguns momentos, os períodos letivos dos intervalos.

Verifica-se que nos períodos de ausência de atividade o registo é dominado pelo ruído ambiente (menor à noite do que durante o dia). No entanto, registam-se esporadicamente alguns pulsos de maior energia. Estes pulsos de energia são mais frequentes durante as horas de dia do que durante a noite ou madrugada, pelo que deverão ter origem antropogénica. (passagem de veículos na estrada mais próxima?). É curioso notar que alguns destes pulsos aparecem repetidamente, sensivelmente no mesmo horário, o que significa tratar-se de uma atividade regular (recolha de lixo?).

À parte a existência de alguns sinais de curta duração, que podem estar associados a atividade junto ao sensor ou nas suas proximidades (ex. passagem de veículos), as características mais visíveis do período de atividade da escola são o aumento do nível de ruído de fundo e a existência de períodos de alguns minutos com um nível de ruído mais acentuado. Estas características do registo estão ausentes do período noturno ou dos dias de fim de semana, pelo que a sua origem deve-se, sem dúvida, à atividade escolar. Os sinais de maior duração e maior amplitude repetem-se de dia para dia às mesmas horas, genericamente coincidentes com períodos de intervalos entre aulas. Esta associação é mais forte no período da manhã, período em que se concentram as aulas no edifício.

Apresentam-se abaixo os registos de alguns dias, onde se ilustram alguns dos aspetos aqui referidos. Para aceder aos registos com a melhor resolução clicar nas imagens. Os registos de outros dias podem ser acedido aqui.

Registo do dia 2 de fevereiro de 2020, domingo, feito pelo geofone. O registo de fundo deve representar o ruído ambiente, caracterizado por pequenos pulsos de energia. Distinguem-se 3 pulsos de energia de maior energia. Passagem de veículos?

Registo do dia 3 de fevereiro de 2020, segunda-feira, feito pelo geofone. Distingue-se claramente um maior ruído durante o período de atividade da escola e particularmente em alguns momentos. O pulso forte pouco depois das 5h da madrugada aparece regulamente. Recolha do lixo?

Registo do dia 1 de novembro de 2020, domingo, feito pelo sismómetro omnidirecional. Nota-se um menor ruído de fundo comparativamente ao registo do geofone, mais sensível às vibrações locais. Há uma grande regularidade do ruído de fundo ao longo do dia. Distinguem-se 3 pulsos de energia de maior energia.

Registo do dia 2 de novembro de 2020, segunda-feira, feito pelo sismómetro omnidirecional. Comparativamente ao dia anterior, distingue-se claramente um maior ruído durante o período de atividade da escola e particularmente em alguns momentos.

Detalhe do ruído correspondente ao período entre as 9h e as 11h do dia 2 de novembro de 2020, segunda-feira. Relativamente ao nível de ruído mínimo, verifica-se um aumento do nível de ruído, de menor duração, por volta das 9h e 15min (mudança de turnos entre aulas) e depois um novo aumento de ruído, de duração mais prolongada, entre um pouco antes das 10h e um pouco depois das 10h e 20min (intervalo entre as aulas). De notar que, neste período, o nível de ruído é particularmente mais intenso nos seus limites (saída e entrada dos alunos nas salas de aula).

Para um estudo mais detalhado do significado do ruído é necessário fazer uma análise mais aprofundada dos sinais, em termos da forma do sinal, da distribuição de frequências ou frequências dominantes. Esta análise pode ser feita observando as formas de onda em mais detalhe ou usando outras representações dos sinais, como espetros, espetrogramas ou gráficos de densidade espectral de potência, PSD (Power Spectral Density), preferível quando se pretende analisar as características espectrais de sinais de muito longa duração.

A forma, duração e amplitude dos sinais produzidos por diferentes fontes deverá variar em função da sua origem. Por exemplo, o sinal devido à passagem de um veículo nas proximidades do sensor será diferente do registo dum veículo que passa por um buraco. No primeiro caso, a forma típica seria uma subida gradual da amplitude do sinal com a aproximação do veículo e uma descida posterior igualmente gradual. No segundo caso, o sinal deverá ser bastante mais complexo, formado por vários pulsos de energia. Também a passagem de um veículo pesado deverá produzir um sinal mais longo e de maior amplitude do que a passagem de um veículo ligeiro.

O bater de uma porta ou uma pancada junto ao sensor, deverão produzir sinais curtos e bastante intensos, enquanto o "ruído" provocado pelo movimento dos alunos nos intervalos, produz um sinal mais prolongado e de menor amplitude.

Detalhe de um sinal do dia 2 de fevereiro de 2020, domingo. Espetrograma (em cima) e forma de onda (em baixo). Relativamente ao registo do lado direito, são sinais mais curtos, de menor amplitude e mais frequentes. Devem-se à passagem de veículos ligeiros?

Detalhe de um sinal do dia 2 de fevereiro de 2020, domingo. Espetrograma (em cima) e forma de onda (em baixo). Relativamente ao registo do lado esquerdo, são sinais mais longos e de maior amplitude. Devem-se à passagem de veículos pesados?

Detalhe de um sinal do dia 2 de novembro de 2020. Espetrograma (em cima) e forma de onda (em baixo). Este pulso curto parece o registo de uma pequena pancada aplicada no sensor. Queda de um objeto?

O sinal é relativamente simples. Notam-se 2 frequências dominastes no espetrograma, a cerca de 2Hz e 9Hz.

Espetro do sinal do dia 2 de novembro de 2020, representado à esquerda. As 2 frequências dominantes estão claramente identificadas.

Os sábados e domingos são períodos sem ruído antropogénico assinalável e são por isso períodos onde será mais fácil encontrar evidências de outras formas de ruído, como o ruído eletrónico gerado no próprio sismómetro ou o ruído gerado pelo vento ou pela agitação marítima, embora o sensor não pareça ser sensível aos períodos/frequências em que o ruído oceânico é mais forte (período entre 5 a 7 segundo, ou seja, frequência de cerca 0.2 Hz). A ação do vento poderá ser, no entanto, verificada para frequências superiores a 1 Hz.

Espetrograma e forma de onda do registo de 2 horas feito na madrugada de 1 de novembro de 2020, domingo (em cima). Detalhe da forma de onda apresentada acima, com a duração apenas de alguns segundos (em baixo).

O espetrograma apresenta alguma energia na frequência à volta de 2 Hz e uma banda de energia difusa que termina por volta dos 10 Hz. O detalhe do sinal, pela sua forma típica em degrau, mostra de forma evidente os efeitos da discretização do sinal ocorrida durante o processo de digitalização.

Espetro do registo de 2 horas feito na madrugada de 1 de novembro de 2020, domingo, apresentado à esquerda. A maior energia ocorre com frequência à volta de 2 Hz, com alguma variação para frequências inferiores. Entre os 2 e os 8.5 Hz, o ruído tem uma energia constante, atenuando-se entre os 8.5 e os 12 Hz, mantendo-se depois constante. O corte na amplitude do ruído acima dos 8.5 Hz deve-se ao sistema de digitalização e resulta, muito provavelmente, das características do filtro anti-falseamento.

O espetrograma (à esquerda) e o espetro sugerem que nos dias calmos o ruído é essencialmente ruído eletrónico.

Espetrogramas de semanas inteiras: de 29/10 (5ªf.) a 4/11 (4ªf.) (em cima) e de 5/11 (5ªf.) a 11/11 (4ªf.) (em baixo).

Os dias da semana encontram-se bem diferenciados nos espetrogramas relativamente aos fins de semana. Durante o período de aulas observa-se energia pulsada de forma regular, com dois pulsos de maior energia que se exprimem também nas baixas frequências, por volta das 10h e das 12h.

As setas vermelhas assinalam períodos onde há uma sugestão de ruído com frequência inferior a 2 Hz, que deverá ter origem no vento. Nos dias 3 e 4/11 (figura de cima) e 5 e 8/11 (figura de baixo) verificou-se a existência de ruído de baixa frequência. A consulta da página Weather Underground mostra que a estação meteorológica do aeroporto da Portela, Lisboa, registou nos dias identificados (ver registos do mês de novembro de 2020 aqui), a ocorrência de máximos de vento superiores aos dias vizinhas. Dada a distância entre Lisboa e o Bombarral, esta sugestão necessita de confirmação pela comparação com informação de vento obtida numa estação meteorológica mais próxima do Bombarral.

Espetrograma do dia 2 de novembro de 2020 (2ª feira).

O detalhe deste espetrograma relativamente aos espetrogramas de uma semana (figuras acima) mostra a diferença na amplitude e na frequência dos 2 períodos de maior atividade relativamente aos restantes.

O espetrograma mostra também a existência de um sinal de frequência constante (assinalado pela seta), entre as 8h e as 11h, com uma frequência constante de 10.5 Hz. Fica por esclarecer a origem deste sinal. Funcionamento de uma máquina?

Nota: Grande parte do trabalho de análise e de interpretação dos registos da estação AEFP que estão na base deste tópico, foi realizado pelo prof. Luís Matias, IDL, a quem o Clube agradece a colaboração e a autorização para a partilha do mesmo.

Caça aos sismos

A monitorização da atividade sísmica implica o acompanhamento regular da estação. Como saber se foi registado um sismo? Nem sempre a consulta da imagem enviada para a Web fornece a informação necessária. Há registos sísmicos inconfundíveis, mas outros são facilmente confundidos com "ruído" proveniente de diversas fontes. Durante o período de atividade da escola, o "ruído" de origem antrópica "contamina" a maioria dos possíveis registos sísmicos, razão pela qual os melhores registos são obtidos fora do período de atividade da escola (noites, fins de semana ou interrupções escolares).

Imagem do dia 15 de janeiro de 2021 (em cima). O pequeno registo, por volta das 14h e 43min corresponde ao registo de um sismo de magnitude 2.7, ocorrido no Canhão da Nazaré (epicentro a 183 km do Bombarral). Apenas a análise da forma de onda permite concluir tratar-se de um registo sísmico.

Visualização da forma de onda depois de extraída do registo e tratada (em baixo).

Imagem do dia 18 de março de 2021. A visualização da imagem permite concluir imediatamente que o registo por volta das 9h e 52min se refere a um sismo local. Sismo de magnitude 3.5, ocorrido a norte de Loures (epicentro a 51 km do Bombarral).

Visualização da forma de onda depois de extraída do registo e tratada (em baixo). A escala de amplitude e de tempo é diferente do registo à esquerda.

A consulta dos sismos registados pelas diversas redes sísmicas, e respetivos dados paramétricos (hora de origem do sismo, localização, magnitude, profundidade), fornecidos por diferentes agências (IPMA; IGN; EMSC; IRIS, USGS, etc.) é de fundamental importância no processo de identificação dos possíveis registos sísmicos feitos numa estação escolar (ver Recursos). IPMA (Portugal continental, ilhas dos Açores e da Madeira e regiões envolventes), IGN (Península Ibérica, Canárias e regiões envolventes) e EMSC (região euro-mediterrânica), são as melhores fontes para consulta de dados paramétricos sobre sismos mais próximos (principalmente sismos locais e regionais). Os grandes sismos mundiais são disponibilizados por diversas agências, incluindo EMSC, IRIS e USGS.

O caminho de "caça aos sismos" pode ser feito em dois sentidos. Em algumas situações, tendo sido obtido um registo na estação que parece corresponder a um registo sísmico, verifica-se nas fontes adequadas se ocorreu algum sismo que possa corresponder ao registo efetuado. A hora de ocorrência do sismo, a sua magnitude e a distância do epicentro à estação permitirão, em primeira aproximação, verificar (ou não) a correspondência a algum sismo reportado pelas agências. Noutras situações, é a informação de ocorrência de determinado sismo, cujos dados paramétricos indicam ser de possível deteção, que conduz à procura do registo na estação. Para este processo poderá ser importante o conhecimento do background do(s) sismómetro(s) instalado(s) para perceber que magnitude mínima vs. distância epicentral é expectável ser detetada com determinadas condições de ruído.

Existem atualmente várias aplicações para smartphone (ver Recursos) que fornecem variadas informações sobre sismos. Quando devidamente configuradas usando os filtros adequados (região, magnitude mínima, distância máxima, etc.), algumas aplicações enviam notificações em tempo quase real sobre a ocorrência de sismos que se enquadrem nos parâmetros de configuração. Tratando-se de grandes sismos mundiais é possível, em muitos casos, receber a notificação do sismo antes de as ondas sísmicas chegarem à estação, o que possibilita o acompanhamento do registo sísmico em direto!

Mapa de sismicidade do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Tem os sismos registados nos últimos 30 dias (sendo possível filtrar pelas últimas 24h, 2-7 dias ou 8-30 dias). Colocando o rato sobre um registo no mapa aparece uma janela com informações sobre o mesmo.

A informação sobre os últimos registos sísmicos pode também ser acedida, em forma de tabela, por baixo do mapa. A informação, pesquisável, pode ser ordenada por ordem crescente ou decrescente de diversos parâmetros (data/hora, latitude, longitude, profundidade, magnitude, etc.).

O IPMA dispõe também de uma aplicação para Android/Iphone, mas esta não permite o envio de notificações sobre ocorrência de sismos.

Mapa de sismicidade do Instituto Geográfico Nacional, Espanha (IGN). Tem os sismos registados nos últimos 30 dias (sendo possível filtrar os sismos pelos últimos 3, 10 ou 30 dias). Clicando com o rato sobre um registo no mapa abre uma janela com informações sobre o mesmo.

A informação sobre os últimos registos sísmicos pode também ser acedida na lista ao lado do mapa. Clicando com o rato sobre a informação de um sismo, o mapa é centrado nos sismos dessa região e a lista mostra os correspondentes sismos. A coluna "+info" remete para a página do evento.

O IGN dispõe também de uma aplicação para Android/Iphone com possibilidade de envio de notificações sobre ocorrência de sismos.

Mapa de sismicidade do EMSC. Tem os sismos registados nas últimas duas semanas (sendo possível filtrar pela última hora, últimas 24h, últimas 48h ou últimas duas semanas). Em cima há dois separadores que permitem alternar entre o mapa da região euro-mediterrânica (Euro-Med earthquakes) e o mapa mundial - sismos de magnitude igual ou superior a 4 (Worldwide earthquakes with M4.0+). Clicando com o rato sobre um registo no mapa remete para a página do evento.

Por baixo de cada mapa existem acessos rápidos para diferentes listas de sismos: todos os sismos (Full list), sismos de magnitude igual ou superior a 4 (Mag ≥4) ou 5 (Mag ≥5). A informação sobre os últimos registos sísmicos pode também ser acedida, em forma de tabela, mais baixo do mapa (últimos sismos de magnitude igual ou superior a 3). A informação pode ser ordenada por ordem crescente ou decrescente de diversos parâmetros (data/hora, latitude, longitude, profundidade, magnitude, região).

O EMSC dispõe também de uma aplicação para Android/Iphone, com possibilidade de envio de notificações configuráveis sobre ocorrência de sismos.

Mapa de sismicidade do USGS. Clicando na roda dentada (configurações, canto superior direito) é possível aceder a várias configurações, incluindo a alternância entre diferentes tipos de mapas (desde sismos mundiais significativos ocorridos no último mês a sismos de qualquer magnitude no último dia). Clicando com o rato sobre um registo no mapa abre uma janela com informações sobre o mesmo. A partir dessa janela é possível aceder à página do evento.

A informação sobre os registos sísmicos pode também ser acedida através da lista do lado esquerdo do mapa. Clicando com o rato sobre a informação de um sismo na lista abre uma janela com informações sobre o mesmo, a partir da qual é possível aceder à página do evento. A lista de sismos pode ser ordenada por diversos formatos (magnitude, ShakeMap, etc.) e por ordem crescente ou decrescente dos parâmetros de tempo de ocorrência do sismo e da sua magnitude.

Várias aplicações para Android/Iphone e outras plataformas, com possibilidade de envio de notificações configuráveis sobre ocorrência de sismos, usam (entre outras fontes) dados fornecidos pelo USGS.

Earthquakes Traker. Exemplo de uma aplicação gratuita para smartphone que permite mostrar os sismos ocorridos numa determinada região (em mapa e/ou lista). Quando devidamente configurada, indica a distância a que ocorreram os sismos e dá uma estimativa para o tempo de chegada das ondas P e S à localização configurada. Permite o envio de notificações (por texto ou voz) sobre a ocorrência de sismos que se enquadrem nos critérios de filtragem usados. Usa dados provenientes de várias agências, incluindo EMSC, IGNES, GFZ e USGS.


Localização de sismos

A comparação entre os registos sísmicos obtidos na estação escolar e os dados paramétricos de sismos registados pela rede sísmica instalada (hora de origem do sismo, localização, magnitude, profundidade), fornecidos por diferentes agências (IPMA; IGN; EMSC; IRIS, USGS, etc.), sendo de fundamental importância no processo de identificação dos registos sísmicos feitos numa estação escolar (ver Recursos), apenas permite a sua provável identificação, o que, para uma estação escolar, pode ser suficiente.

No entanto, para a efetiva identificação dos sismos registados, é necessário proceder à localização da fonte sísmica, o que implica a análise e tratamento da(s) forma(s) de onda dos registos sísmicos obtidos na estação escolar e a sua comparação com os registos obtidos noutras estações. Felizmente a sismologia é hoje uma ciência global e aberta a todos, profissionais e amadores. Graças a software de distribuição livre e à disponibilização de dados sísmicos a nível mundial (incluindo formas de ondas e metadados de estação ou instrumentais) ao público em geral, a localização de eventos sísmicos está acessível a qualquer amador interessado!

Localizar um sismo (ver Sismometria - Localização de sismos) significa localizar o seu foco ou hipocentro (o ponto no interior Terra em que se deu o início da rotura sísmica responsável pela libertação inicial de energia), bem como a hora de origem do sismo (hora do início do processo de rotura). A localização do foco sísmico faz-se determinando as coordenadas geográficas do epicentro (latitude e longitude) e a profundidade focal (distância vertical entre o epicentro e o hipocentro, expressa-se em quilómetros). A profundidade focal é o parâmetro de mais difícil determinação, mesmo a nível profissional (ver Considerações sobre a localização de sismos), pelo que não irá ser considerado.

Os registos feitos na estação AEFP são suficientes para determinar, de forma aproximada, a hora de origem dos sismos e a distância epicentral à estação. Para determinar as coordenadas do epicentro é necessário recorrer a formas de onda registadas em estações da rede sísmica instalada (nacional ou global). Mesmo a nível profissional, usam-se algoritmos que, funcionando de forma automática ou semiautomática, combinam dados de várias estações, para fazer a localização de sismos e determinar a sua magnitude (ver Localização de sismos com múltiplas estações).

A distância epicentral a uma estação pode ser estimada utilizando a diferença entre o tempo de chegada das ondas S e o tempo de chegada das ondas P. Existem diferentes pacotes de software, de uso livre, que permitem fazer a marcação de fases num sismograma, calculam o tempo entre as fases marcadas e, usando um determinado modelo de propagação das ondas sísmicas, permitem estimar as distâncias epicentrais. Para este efeito, têm sido usados o jAmaSeis, o SeisGram2K e o Waves. Adicionalmente, o jAmaseis (apenas para formas de onda em formato SAC) e o Waves, permitem localizar o epicentro do sismo, combinando distâncias a várias estações (pelo menos 3 com distribuição geográfica adequada). O portal IRIS dispõe também de uma ferramenta Web (Earthquake Triangulation) que permite efetuar a localização online do epicentro de um sismo, sem necessidade de descarregar qualquer software (é necessário calcular ou dispor das distâncias epicentrais às várias estações).

É bastante fácil obter dados sísmicos (quer paramétricos, quer de formas de onda e metadados de estação) a partir da Internet. Vários centros de dados espalhados pelo mundo fornecem acesso livre a formas de onda. Referem-se, em particular, o serviço IRIS Wilber 3 (adequado para sismos globais de maior magnitude), o arquivo GEOFON -EIDA (bom para sismos na região europeia) e o serviço Web do IPMA (sismos detetados pelas estações da rede sísmica nacional). Adicionalmente, é possível efetuar o download de dados sísmicos diretamente via Rest API ou através da biblioteca ObsPy, uma ferramenta Python (de código aberto) para a área da sismologia.

Indicam-se abaixo alguns tutorias que poderão ser úteis para fazer o download de formas de ondas a partir da Internet e para a determinação de distâncias epicentrais / localização de sismos. Para mais informações sobre software ou ferramentas Web, consultar Recursos - Software e Recursos - Web Tools.

[autor: prof. Luís Matias, IDL]


[autor: prof. Luís Matias, IDL]

[Nota: o serviço Web do IPMA usa a mesma plataforma. Seguir o mesmo tutorial para obter formas de onda usando este serviço]