Sismos

Geofísica da Terra

A Geofísica demonstrou que a Terra possui três partes distintas aproximadamente homogéneas e concêntricas: crusta (ou crosta) terrestre, manto e núcleo. Sabe-se também que a crusta terrestre e uma parte do manto superior se comportam de forma essencialmente rígida, deslocando-se horizontalmente sobre uma camada constituída por material parcialmente fundido e mais facilmente deformável.

Embora a região mais superficial da Terra possa ser estudada por métodos diretos, a maior parte do interior da Terra é inacessível às observações diretas, sendo necessário recorrer a métodos indiretos de modo a conhecer a sua estrutura e constituição internas. Estes métodos envolvem essencialmente as seguintes áreas de estudo: sismologia (estudo da propagação das ondas sísmicas), gravimetria (estudo da variação do valor da aceleração gravítica da Terra), geomagnetismo (estudo da origem e variação do campo magnético terrestre), geotermia (estudo da génese e da distribuição do calor interno da Terra, bem como da sua dissipação através da superfície), planetologia e astrogeologia (estudo dos planetas e de outros corpos do Sistema Solar, nomeadamente meteoritos, que podem fornecer dados relativos à composição da Terra, uma vez que se admite a sua génese simultânea a partir da nébula solar primitiva), geoeletricidade (estudo das propriedades elétricas das rochas), densimetria (estudo da densidade dos constituintes internos da Terra).

Os resultados destes estudos permitiu a construção de dois modelos complementares para a estrutura interna da Terra. Um que considera a distribuição dos componentes químicos que compõem a Terra, denominado modelo geoquímico, e outro que considera as propriedades físicas dinâmicas dos materiais rochosos que constituem a Terra, o modelo geofísico ou geodinâmico.

A sismologia deu um importante contributo para o estudo e conhecimento da estrutura interna da Terra. Por outro lado, este conhecimento permitiu compreender o principal mecanismo de produção de sismos.

Estrutura interna da Terra

Com base nas propriedades químicas dos materiais rochosos que a constituem (modelo geoquímico), considera-se que a Terra tem uma estrutura concêntrica em três camadas: crusta ou crosta (camada mais exterior, que pode ser dividida em crosta continental e em crosta oceânica, constituída por materiais rochosos heterogéneos, cuja composição é rica em silício, alumínio e magnésio), manto (camada abaixo da crusta, até à profundidade de 2900 km, que pode ser dividido em manto superior e em manto inferior, constituída por material rochoso a altas temperaturas e pressões, cuja composição é rica em ferro e magnésio) e núcleo (camada mais interior, a partir dos 2900 km, que pode ser dividido em núcleo externo e em núcleo interno, cuja composição é rica em ferro e níquel). Estas camadas estão separadas por duas grandes descontinuidades, a descontinuidade de Mohorovicic, que separa a crusta do manto, e a descontinuidade de Gutenberg, que separa o manto do núcleo.
Tendo por base as propriedades físicas (essencialmente rigidez e fluidez) dos materiais rochosos que constituem a Terra (modelo geofísico), considera-se que esta tem uma estrutura com as seguintes camadas concêntricas:
  • Litosfera - camada rígida, que compreende a crusta e a parte rígida do manto (manto superior). Esta camada encontra-se no estado sólido e apresenta comportamento elástico em escalas de tempo de milhares ou milhões de anos, sendo menos densa do que as camadas subjacentes. A sua espessura média é de cerca de 100 km, mas sob os continentes pode atingir valores superiores. A litosfera está dividida em litosfera oceânica (mais densa, associada à crosta oceânica e existente nas bacias oceânicas) e litosfera continental (menos densa, associada à crosta continental, encontra-se subjacente aos continentes e plataformas continentais) e encontra-se fragmentada em placas (placas tectónicas ou litosféricas) que se movimentam umas em relação às outras. Este movimento é consequência da formação de nova litosfera em zonas onde há afastamento de placas e, por outro lado, da destruição de litosfera na zona de colisão de placas.

  • Astenosfera - camada situada imediatamente abaixo da litosfera, constituída por material parcialmente fundido e com possibilidade de deformação fácil. A astenosfera, localizada aproximadamente entre os 100 e os 350 km de profundidade, inclui uma zona denominada zona de baixa velocidade, pelo facto de nela ocorrer uma diminuição da velocidade de propagação das ondas sísmicas. Tal será consequência de o material rochoso nela existente, devido essencialmente à sua temperatura, apresentar baixa rigidez, podendo deslocar-se lentamente, arrastando consigo as placas litosféricas, rígidas.

  • Mesosfera – camada rígida, abrangendo parte do manto superior e o manto inferior, constituída por materiais rochosos no estado sólido;

  • Endosfera – camada mais profunda, sendo fluida até cerca de 5150 km e, depois, rígida.


Representação esquemática dos modelos geofísico e geoquímico da estrutura interna da Terra.

(Fonte: Wikiciências)


Litosfera oceânica, litosfera continental e astenosfera. Colisão entre a placa oceânica e a placa continental: a placa oceânica, de maior densidade, mergulha sob a placa continental, menos densa. Este fenómeno, designado subdução, é acompanhado de forte atividade sísmica e vulcânica.

(Fonte: Wikipédia)

Deriva continental

Ilustração feita pelo geógrafo Antonio Snider-Pellegrini, em 1858, mostrando a justaposição das margens africana e americana do oceano Atlântico.

(Fonte: Wikipédia)


Animação que representa em grande escala a deriva continental dos últimos 250 milhões de anos, desde a divisão do supercontinente, no Triásico, até à atualidade [clicar na imagem para aceder à animação].

(Fonte: Wikipédia)

O cartógrafo Abraham Ortelius foi o primeiro a assinalar, no final do século XVI, que as formas dos continentes em lados opostos do Oceano Atlântico (de forma mais assinalável, África e América do Sul) pareciam encaixar-se, o que o levou a sugerir que estes continentes teriam estado unidos no passado. Outro geógrafo, Antonio Snider-Pellegrini, em 1858, desenhou um famoso mapa com os continentes encaixados. Pellegrini foi o primeiro cientista a defender explicitamente a fragmentação e deriva dos continentes vizinhos do Atlântico, baseando-se na correspondência morfológica entre as linhas de costa dos dois continentes.
A Teoria da Deriva Continental foi apresentada por Alfred Wegener, em 1912, no seu livro Entstehung der Kontinente. Tendo por base, para além dos argumentos geográficos (complementaridade dos limites dos atuais continentes), argumentos geológicos (semelhança entre estruturas geológicas e rochas da mesma idade, nos limites de alguns continentes), paleoclimáticos (reconstituição de climas antigos e da sua distribuição geográfica, a partir de certos tipos de rochas e dos fósseis nelas contidos) e paleontológicos (semelhança de fósseis animais e vegetais nos limites de determinados continentes), a teoria de Wegener defendia que todos os continentes teriam estado juntos no passado, formando um único supercontinente, que ele denominou de Pangeia (do grego pan, “todo, inteiro” e gea, “terra”), rodeado por um super-oceano, Pantalassa ou Oceano Pantalássico (do grego, pan - "tudo, inteiro" e thalassa, "oceano").
Apesar da consistência científica dos seus argumentos, as críticas à teoria da deriva continental foram mordazes, entre outras razões, porque Wegener nunca conseguiu apresentar um mecanismo convincente para a movimentação das grandes massas continentais. A sua hipótese de que os continentes se deslocavam sobre a crosta (tal como os icebergues se movimentavam nos oceanos), em resultado da força centrífuga terrestre e do movimento das marés, nunca teve aceitação entre os seus pares.
Os dados paleontológicos, paleoclimáticos e geológicos indicam que os continentes estiveram juntos, como Wegener propôs, e que a partir do período Triásico a Pangeia se fragmentou e os continentes se foram afastado, dando origem aos continentes e oceanos que hoje conhecemos. No entanto, só em 1960, com base em novas informações sobre o campo magnético terrestre, se ressuscitou a teoria de Wegener e se reconheceram as suas contribuições.

Tectónica de placas

Na década de 1960, em resultado do desenvolvimento do conhecimento sobre o fundo dos oceanos, a atividade sísmica e o campo magnético terrestre, consolidou-se uma teoria unificadora das diferentes áreas das Ciências da Terra: a tectónica de placas, uma teoria revolucionária comparável às experimentadas pela Biologia (Teoria da Evolução), no século XIX e pela Física, no século XX (Teoria da Relatividade).
A teoria da tectónica de placas assenta principalmente sobre duas noções: a deriva dos continentes, identificada por Alfred Wegener, e a expansão dos fundos oceânicos, detetada pela primeira vez na década de 1960. Esta expansão, a partir da dorsal oceânica (dorsal submarina, dorsal meso-oceânica ou crista média oceânica), processa-se a uma velocidade que varia de 1 cm/ano a 15 cm/ano.
A litosfera está dividida em placas tectónicas ou litosféricas (o conceito de placa tectónica foi proposto em 1967 por D. Mckenzie e R. Parker), sendo o seu limite uma falha que separa uma placa de outra. As placas movem-se na superfície terrestre, deslizado lentamente sobre a astenosfera, a uma velocidade de 1 a 18 cm/ano.
Atendendo à maneira como as placas se deslocam umas relativamente às outras, as zonas limite ou de fronteira entre placas são designadas por:
  • limites transformantes ou conservativos, quando correspondem a zonas onde não há formação nem destruição de litosfera; as placas deslizem lateralmente uma em relação à outra;
  • limites divergentes ou construtivos, quando correspondem a zonas onde ocorre formação de litosfera; as placas tectónicas afastam-se uma da outra, permitindo a subida do magma, a erupção de lava, e a sua posterior solidificação; são característicos das dorsais oceânicas;
  • limites convergentes ou destrutivos, quando correspondem a zonas onde ocorre destruição de litosfera; as placas colidam uma com a outra, mergulhando a mais densa sob a menos densa.

A colisão entre placas tectónicas (limites convergentes ou destrutivos) pode dar-se entre: 1) placa oceânica e placa continental – nesta colisão a placa oceânica, de maior densidade, mergulha sob a placa continental, menos densa, formando-se uma depressão ou fossa tectónica; este fenómeno designa-se subdução, e é acompanhado de forte atividade sísmica e vulcânica; 2) placas continentais – nesta colisão, como as placas apresentam densidades semelhantes, originam-se enrugamentos, com a formação de uma cadeia montanhosa; 3) placas oceânicas – nesta colisão a placa mais densa mergulha sob a outra (subdução), formando-se uma fossa oceânica (ou abissal) e ilhas de origem vulcânica (arco insular).
Nas zonas de fronteira entre placas, devido às forças geradas nos seus limites, ocorrem vários processos geológicos, entre os quais a formação de montanhas, a maioria da atividade sísmica, vulcanismo e processos de formação de depósitos minerais.
Admite-se que a convecção no interior do manto da Terra (convecção mantélica), consequência do seu elevado gradiente térmico, é a força motriz da tectónica de placas: os materiais quentes da parte inferior do manto sobem até ao limite superior da astenosfera; aí, divergem lateralmente, arrefecendo à medida que se vão deslocando; tornam-se mais densos do que os materiais circundantes e mergulham novamente, em direção à zona mais quente, onde se iniciou o movimento de ascensão, fechando um ciclo. Estas correntes circulares de materiais são denominadas correntes de convecção e o circuito é designado célula de convecção. As dorsais oceânicas correspondem aos ramos ascendentes das correntes convectivas (com a formação de crosta oceânica e consequente expansão do fundo oceânico) e as fossas oceânicas correspondem aos ramos descendentes das mesmas correntes (onde as placas tectónicas convergem e uma das placas mergulha sob a outra).
A litosfera está dividida em placas tectónicas que flutuam na astenosfera. As placas tectónicas da Terra foram cartografadas na segunda metade do século XX.

(Fonte: Wikipédia)



Representação esquemática dos limites entre placas tectónicas. Limite construtivo (ao longo das dorsais oceânicas), destrutivo (ao longo das zonas de subdução) e conservativo. A expansão do fundo oceânico ocorre na zona central da dorsal oceânica, com a formação de litosfera e o afastamento das placas tectónicas.

(Fonte: Wikiciências)


Convecção no manto terrestre. Admite-se que as correntes de convecção no interior da Terra sejam responsáveis pelo movimento das placas litosféricas.

(Adaptado de: Brasil Escola)

Deformação das rochas

Principais tipos de tensões (forças por unidade de área) a que os materiais estão sujeitos. A tensão de compressão (a) e tensão de distensão ou de tração (b) são tensões normais que resultam de forças que atuam perpendicularmente à superfície. A tensão de cisalhamento ou de corte (c) resulta de forças que atuam tangencialmente à superfície.

(Fonte: Wikipédia)


Deformação volumétrica de um corpo. Deformação do corpo em todas as direções quando sujeito a uma pressão hidrostática.

(Fonte: Wikipédia)


Relação tensão-deformação de um sólido. Se o sólido for deformado para além do seu limite elástico, já não recuperará a sua forma original quando a tensão for removida. A partir deste limite, o material fica deformado de modo permanente (comportamento plástico). Se a tensão ultrapassar o limite de resistência do material, este pode “ceder” de forma abrupta, ocorrendo a sua fratura (comportamento frágil).

(Fonte: Fundamentos de Geologia. Cap. 2 - Sismologia)


Dobras e falhas, duas das deformações mais comuns que as rochas sofrem. Quando sujeitas a tensões, as rochas podem apresentar comportamento frágil (entram em rotura, originando falhas) ou dúctil (deformam-se sem haver descontinuidade entre as partes contíguas do material deformado, originando dobras).

(Fonte: Ciência Ativa)


Dobras nos Xistos de Moura (Alentejo) resultantes da deformação dúctil da rocha.

(Fonte: Casa das Ciências)


Falha normal em calcários do Jurássico inferior. Pereiros, Coimbra.

(Fonte: GEOPOR)

A mobilidade da litosfera e o peso das camadas de rocha superiores, sujeitam o material rochoso à ação de forças de tensão, que modificam as suas condições de pressão e temperatura, e podem provocar deformações que alteram o seu volume e/ou a sua forma. As deformações mais comuns são dobras e falhas.

As rochas ficam sujeitas a vários tipos de tensões – tensão de compressão, tensão de distensão (ou tensão de tração) e tensão de cisalhamento (tensão tangencial ou tensão de corte) – podendo apresentar diversos tipos de deformações em resposta às tensões que suportam. Em termos físicos, chama-se tensão ao valor limite da força aplicada por unidade área, quando esta se torna infinitesimalmente pequena. Nos fluidos (líquidos e gases) esta grandeza é idêntica à pressão, tendo por isso a mesma unidade da pressão (unidade SI: pascal, Pa). As deformações podem ser elásticas, plásticas ou deformações por rotura.

Numa deformação elástica, a deformação sofrida pelo material é proporcional à força aplicada (relação expressa pela lei de Hooke). É uma deformação reversível, isto é, se a força de tensão que provocou a deformação elástica for retirada, o material rochoso volta ao seu estado inicial, não resultando nenhuma deformação permanente do material. São exemplos de deformações elásticas, as deformações sofridas por uma mola ou por um elástico quando sujeito a tensões.

A lei de Hooke, base da teoria da elasticidade, explica o comportamento dos sólidos submetidos a deformações elásticas de baixa amplitude. Em meios elásticos com pequenas deformações, a deformação é diretamente proporcional à força (esforço) que a produziu. A deformação total sofrida por um corpo tridimensional é a soma das deformações produzidas pelos esforços individuais. A componente de uma força que atua perpendicularmente a uma superfície, produz uma tensão normal (que pode ser tensão de tração ou tensão de compressão); as componentes dessa força tangencias à superfície produzem tensões de corte (ou tensões cisalhantes).

Os parâmetros que caracterizam as deformações elásticas designam-se habitualmente por módulos elásticos, (são constantes elásticas que relacionam as deformações com as tensões aplicadas). Os principais módulos elásticos, definidos para diferentes tipos de deformações, são o módulo de Young, o módulo de rigidez (ou de cisalhamento), o módulo de volume (ou de incompressibilidade) e o coeficiente ou razão de Poisson.

  • Módulo de Young (E) – relaciona a deformação longitudinal com a tensão normal; é uma medida da rigidez de um material quando este é submetido a uma tensão externa de tração ou compressão;

  • Módulo de rigidez ou de cisalhamento (µ) – relaciona a deformação de corte com a tensão cisalhante; é uma medida de resistência de um material à tensão de corte;

  • Módulo de volume ou de incompressibilidade (K) – relaciona a deformação do corpo com a pressão quando este está sujeito a uma pressão hidrostática. Em condições hidrostáticas (o material comporta-se como um líquido sem viscosidade) a tensão de corte é nula e a pressão é igual em todas as direções. Nestas condições, o valor da pressão num ponto resulta apenas do peso da coluna de rocha que se encontra acima do nível desse ponto e designa-se por pressão litostática; o seu valor depende apenas da densidade da rocha (ρ) e da altura (h) da coluna de rocha acima desse ponto (p=ρgh). Ao inverso do módulo de volume chama-se compressibilidade (1/K).

  • Razão ou coeficiente de Poisson (ν) – relaciona a deformação longitudinal com a deformação lateral. Os materiais convencionais têm coeficiente de Poisson positivo, ou seja, contraem-se transversalmente quando são esticados longitudinalmente e expandem-se transversalmente quando são comprimidos longitudinalmente.

A partir de um determinado limite de tensão aplicada (limite de proporcionalidade), a lei de Hooke deixa de se verificar. Ainda que o material continue a comportar-se de forma elástica, a relação tensão-deformação já não é linear. Se o sólido for deformado para além do limite elástico, já não recupera a sua forma original quando a tensão for removida. Neste intervalo, um pequeno aumento da tensão aplicada provoca um elevado aumento da deformação e ainda que a tensão seja removida a deformação não é anulada; o material foi deformado de modo permanente e diz-se que sofreu deformação plástica. Se a tensão ultrapassar o limite de resistência do material este “cede”. Esta cedência pode ser abrupta, ocorrendo a sua fratura, e nesse caso diz-se que o material tem um comportamento frágil (em algumas situações, o ponto de fratura pode acontecer ainda dentro do limite elástico). Por outro lado, o material pode ceder sem romper; neste caso verifica-se uma diminuição brusca da tensão e diz-se que o material tem um comportamento dúctil. O comportamento frágil ou dúctil dos materiais sob tensão depende não só da tensão aplicada, mas também da escala de tempo da deformação.

Assim, quando o limite de elasticidade das rochas é ultrapassado, estas podem entrar em rotura ou sofrer deformações plásticas, que são irreversíveis, ficando o material rochoso permanentemente deformado. Nas deformações plásticas não se verifica descontinuidade entre as partes contíguas do material deformado: formam-se dobras. Se o limite de plasticidade das rochas for ultrapassado, estas sofrem deformações por rotura. As deformações por rotura são irreversíveis e descontínuas, pois não se verifica continuidade entre as partes contíguas do material rochoso deformado: formam-se falhas. Assim, quando sujeitas a tensões, as rochas podem apresentar comportamento frágil (quando entram em rotura, originando falhas) ou comportamento dúctil (quando experimentam deformações permanentes, originando dobras).

Em geral, o comportamento das rochas face às tensões sofridas, principalmente quando se encontram próximo da superfície, é um comportamento frágil, pois o material rochoso é pouco plástico, entrando facilmente em rotura, O comportamento das rochas pode tornar-se dúctil quando estas são expostas a temperaturas e pressões elevadas em zonas mais profundas. Em situações extremas de pressão e de temperatura, o material rochoso comporta-se de forma semelhante a fluidos muito viscosos. O comportamento que as rochas apresentam face às tensões sofridas depende das condições em que as deformações se processam (tipo de tensão, temperatura, conteúdo em fluidos, tempo de atuação da tensão e composição e estrutura das rochas).

O mecanismo de deformação das rochas está geralmente associado aos diferentes tipos de limites tectónicos. Nos limites tectónicos convergentes, atuam tensões de compressão, que tendem a reduzir o volume das rochas; neste caso, se a rocha tiver um comportamento frágil, origina-se uma falha compressiva; se o seu comportamento for dúctil, forma-se uma dobra. Nos limites tectónicos divergentes, atuam tensões de distensão ou de tração, que alteram a forma da rocha, alongando-a ou fraturando-a; se o comportamento da rocha for frágil, forma-se uma falha distensiva; se o seu comportamento for dúctil, ocorre estiramento. Nos limites tectónicos transformantes, atuam tensões de cisalhamento, que provocam movimentos paralelos em sentidos opostos; originam geralmente a fraturada da rocha em finas camadas, que deslizam umas em relação às outras.