Sismometria
A sismometria pode ser considerada a área técnica da sismologia que se ocupa da deteção e medição dos movimentos sísmicos do solo. Compreende o projeto de sismómetros, a sua calibração, instalação e a interpretação quantitativa de sismogramas em termos de movimento do solo.
Um sismómetro é um instrumento que responde aos movimentos sísmicos do solo, que podem ser causados por sismos, erupções vulcânicas, explosões ou outras causas.
Os aparelhos antigos, chamados sismógrafos, consistiam num sensor (o sismómetro propriamente dito) combinado com um dispositivo de medição de tempo e de gravação, o registador. O registo desse dispositivo (anteriormente gravado em papel ou filme e atualmente gravado e processado digitalmente) é o sismograma.
O termo sismógrafo (do grego σεισμός seismós e γράφω , gráphō) ainda é frequentemente usado para significar sismómetro, embora seja mais aplicável aos instrumentos mais antigos, nos quais a medição e o registo do movimento do solo estavam combinados, do que aos sistemas modernos, onde essas funções estão separadas. Atualmente, dá-se habitualmente a designação de sismómetro ao conjunto do sensor e do sistema de aquisição. Uma designação mais apropriada seria de estação sísmica digital.
sismOLOGIA = seismós + LOGIA
Do grego σεισμός, seismós (tremor) e λογία, logia (estudo de)
Refere-se ao estudo científico dos sismos e da propagação elástica de ondas sísmicas através da Terra.
Os sismos eram designados seismos ges em grego, literalmente, tremor da Terra. O termo latino é terrae motus, e destes dois termos derivam as palavras usadas na maioria das línguas ocidentais.
Os sismos produzem movimentos na Terra devido à propagação de ondas sísmicas que causam destruição e danos em edifícios e noutras estruturas, por vezes com perdas de vidas humanas. Estes efeitos são o primeiro tipo de observação sobre os sismos. São frequentemente chamados de dados macrossísmicos porque são produzidos por grandes movimentos do solo. Esta é a única informação disponível sobre os sismos ocorridos até ao final do século XIX (sismicidade histórica). Desde aí, o movimento do solo começou a ser medido e registrado por instrumentos em diferentes locais da superfície da Terra, constituindo um segundo tipo de observações sobre os sismos (sismicidade instrumental). A sismologia nasce com a invenção do aparelho que permite converter os movimentos de vibração do solo, mesmo aqueles que são demasiado fracos para os sentirmos, num registo observável.
sismómetro = seismós + métron
Do grego σεισμός, seismós (tremor), do verbo σείω, seíō (sacudir) e μέτρον, métron (medir)
Evolução histórica
(Fonte: Wikipédia)
O primeiro sismoscópio (registo apenas da ocorrência de movimento) foi inventado no ano 132 pelo filósofo Zhang Heng, da dinastia chinesa Han. Foi chamado de Houfeng Didong Yi ("instrumento para medir os ventos sazonais e os movimentos da Terra").
Segundo uma descrição posterior, era um grande vaso de bronze, com cerca de 2 metros de diâmetro. Do lado de fora do vaso havia oito cabeças de dragão voltadas para as oito direções principais da bússola. Abaixo de cada cabeça de dragão havia um sapo com a boca aberta em direção ao dragão. Quando ocorria um sismo, uma ou mais das oito bocas de dragão largavam uma bola na boca aberta do sapo abaixo. A direção do sismo determinava qual dos dragões soltava a sua bola.
Há relatos de ter detetado um sismo a mais de 600 km, não sentido na região em que o sismoscópio se encontrava. No entanto, até hoje, desconhecem-se os princípios de funcionamento do aparelho.
Por volta do século XIII já existiam dispositivos sismográficos no observatório de Maraghe na Pérsia. Na Europa, o primeiro registo escrito de um instrumento deste género foi o sismoscópio de mercúrio projetado por Jean de Hautefeuille, em 1703, que consistia num vaso com mercúrio ligado por oito canais a oito cavidades. O terramoto faria o mercúrio fluir para uma ou várias das cavidades, indicando a sua direção e intensidade (pela quantidade de mercúrio vertida). Não há evidência de que este instrumento tenha sido realmente construído.
Os primeiros verdadeiros sismógrafos, com gravação contínua em tambor rotativo, utilizando papel com registo de marcas de tempo, foram projetados apenas no final do século XIX, principalmente em Itália. Esses instrumentos eram pêndulos horizontais ou verticais com grandes massas mas pequenas ampliações (abaixo de 100). A partir de 1880, a maioria dos sismógrafos eram descendentes dos aparelhos desenvolvidos pela equipa de John Milne, inventor do primeiro sismógrafo de pêndulo horizontal. Apesar de estes aparelhos permitirem a deteção e gravação de vibrações muito ténues, apenas se adequavam à deteção de eventos de grande magnitude.
Em 1904, Emil Wiechert deu um importante passo na superação destas limitações, ao introduzir um sensor de pêndulo invertido, o primeiro aparelho a possuir um sistema de amortecimento adequado.
Em Portugal, os 2 primeiros sismógrafos foram instalados em 1902 nos Açores, um em Ponta Delgada (S. Miguel) e outro na Horta (Faial). Estes sismógrafos eram do tipo Milne.
Um desenvolvimento significativo na instrumentação sísmica foi o sismógrafo eletromagnético, desenvolvido na Rússia por Boris Galitzin, em 1906. Este aparelho fazia ainda a gravação fotográfica dos dados usando a corrente gerada na bobina do sismógrafo. Um desenvolvimento posterior deste instrumento teve lugar em 1920, por Johann Wilip, na Estónia, resultando no sismógrafo Galitzin-Wilip, com período de 12 s e ampliação de cerca de 1500.
Por volta de 1960, os sensores sísmicos voltam a sofrer um novo desenvolvimento. A Guerra Fria impulsionou a melhoria dos sensores sísmicos eletromecânicos de forma a serem capazes de detetar ensaios nucleares subterrâneos clandestinos. A partir de 1970, três desenvolvimentos influenciaram a instrumentação sísmica: 1) a amplificação eletrónica do sinal elétrico do sismómetro através de amplificadores eletrónicos; 2) a introdução do registo digital, com a consequente possibilidade de análise dos dados diretamente por computadores; o registo digital tornou-se possível graças ao uso de conversores analógico-digital que transformam o sinal elétrico analógico à saída do sismómetro num sinal digital; 3) o desenvolvimento de sismómetros de banda larga, ou seja, sistemas com uma curva de resposta praticamente linear para uma ampla gama de períodos, por exemplo entre 0,1 s e 1000 s.
Com este tipo de instrumentos foi ultrapassada a dualidade entre instrumentos de período curto vs. período longo. Os sismómetros digitais de banda larga, com filtros adequados, podem simular uma resposta em qualquer faixa de frequências; são os instrumentos de uso corrente nas modernas estações sísmicas.
(Fonte: Wikipédia)