As primeiras estações sísmicas a operar em Portugal continental foram instaladas nos Institutos Geofísicos das Universidades de Coimbra (COI), de Lisboa (LIS) e do Porto (PTO). O primeiro aparelho foi instalado em Coimbra em 1903, um pêndulo horizontal de Milne. Esta estação foi depois atualizada, entre 1915 e 1926, com a instalação adicional de sismógrafos Wiechert, de componentes horizontal e vertical.
Alguns anos depois da instalação da estação de Coimbra, em 1910, na sequência do terramoto de Benavente, de 23 de Abril de 1909, considerado o mais devastador em Portugal continental no século XX, foi instalada uma nova estação sísmica em Lisboa. O sismógrafo vertical Mainka que equipou inicialmente esta estação, foi mais tarde complementado por dois sismógrafos Wiechert, que, em conjunto, registavam as três componentes de movimento do solo.
A estação do Porto entrou em funcionamento em 1929, complementando as outras duas estações da rede. A partir de 1960, a estação do Porto foi modernizada, vindo a integrar, a partir de 1963, a rede global WWSSN.
O terramoto de 28 de fevereiro de 1969, com epicentro a sudoeste do Cabo de São Vicente, e fortemente sentido em Portugal continental, despertou as autoridades para a necessidade de ter uma rede sísmica melhorada. Esta tarefa foi atribuída ao IPMA (então designado Serviço Meteorológico Nacional, SMN), que instalou uma rede analógica composta por nove estações, distribuídas de norte a sul do país. Estas nove estações complementaram a rede sísmica inicial, passando a rede sísmica a contar com um total de 12 estações. Algumas destas estações registavam apenas dados localmente, enquanto outras transmitiam dados, via rádio, em UHF, para as três estações centrais.
Até meados da década de 1990 a rede sísmica em operação era pouco eficaz em termos de monitorização sísmica. A baixa qualidade da instrumentação usada (principalmente sistemas de aquisição de baixa dinâmica), a transmissão analógica, o registo em papel e a dispersão geográfica das estações, concorriam para que apenas 20% a 25% dos sismos locais e regionais detetados pudessem ser localizados. Acresce ainda que apenas 3 a 4 estações gravavam dados sísmicos em tempo real no centro operacional do IPMA (então designado Instituto de Meteorologia, IM), o que restringia severamente a capacidade de monitorização sísmica.
Em 1994, o IPMA (então IM) iniciou a implantação de uma nova rede sísmica digital no continente e no arquipélago da Madeira, que se estendeu mais tarde ao arquipélago dos Açores. Esta rede era inicialmente composta por 14 estações, 12 das quais foram instalados no continente, complementando a rede analógica existente. As novas estações transmitiam os dados por meio de linhas telefónicas, de forma analógica e digital, para o centro operacional de Lisboa.
Em resultado da evolução contínua da rede sísmica, que incluiu a dispensa de várias estações analógicas e a atualização de outras, o IPMA (então IM) operava, no final de 2003, 19 estações sísmicas, distribuídas por todo o território continental, permitindo a moderna monitorização sísmica do território continental e áreas adjacentes. Além desta rede, a partir do final da década de 1980, outras estações e redes sísmicas passaram a ser operadas por outras instituições, tanto a nível local como regional.
No arquipélago dos Açores, as duas primeiras estações (as primeiras em Portugal) foram instaladas em 1902 na cidade da Horta (ilha do Faial), e em Ponta Delgada (ilha de S. Miguel), após a criação do Serviço Meteorológico Regional no ano anterior. A terceira estação foi instalada apenas a partir de 1931, em Angra do Heroísmo (ilha Terceira). Só muito mais tarde, em 1957, foi instalado um sismógrafo Bosch-Omori na Horta, pouco depois da erupção do vulcão dos Capelinhos, para monitorizar a sua atividade. Estas foram as únicas três estações sísmicas instaladas nos Açores até ao sismo de 1 de janeiro de 1980, que causou grande destruição em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Ocorreu então uma nova fase de desenvolvimento da rede, usando estações de curto período, com gravação analógica local. Algumas estações foram equipadas com sismómetros de três componentes.
Em 1997 foi iniciada uma parceria entre o IPMA (então IM) e a Universidade dos Açores, denominada Sistema de Vigilância Sismológica dos Açores (SIVISA), com vista a integrar todas as estações sísmicas existentes numa mesma rede. Durante este período de colaboração, que terminou em 2007, o IPMA instalou um conjunto de 12 novas estações. Os dados eram transmitidos através de linhas telefónicas (analógicas e digitais) e via rádio (banda UHF) para os centros operacionais da Horta e de Ponta Delgada. Em 2008, a rede sísmica regional do IPMA nos Açores foi totalmente integrada na rede sísmica nacional.
Na ilha da Madeira, a primeira estação sísmica apenas foi instalada (pelo IPMA, então SMN) em 1974, no Funchal. A estação estava equipada com um sismómetro de período curto e de período longo, e fazia registo local em papel. A partir de 1998, foram instaladas mais duas estações de período curto no arquipélago, uma na ilha da Madeira e outra na ilha de Porto Santo.
Atualmente (2021), a rede sísmica de banda larga permanente em Portugal (incluindo estações operadas por todas as instituições) é composta por um total de 44 estações, com 27 estações instaladas no continente, 3 na Madeira e 14 no arquipélago dos Açores. A rede de período curto é composta por um total de 19 estações: 5 no continente, 2 na Madeira e 12 nos Açores. Quanto à rede de acelerómetros (strong-motion accelerometer), existem 72 estações operadas em Portugal: 4 na Madeira, 28 nos Açores e 40 no continente. A rede de acelerómetros é crítica para a elaboração de ShakeMaps e fornece a espinha dorsal do Sistema de Alerta Precoce de Sismos (Earthquake Early Warning, EEW) que está a ser implementado pela Universidade de Évora, através do projeto EMSO-PT (European Multidisciplinary Seafloor and water column Observatory), financiado pelo estado português e pela Comissão Europeia. O EMSO-PT, homológo português do EMSO, tem como missão criar e desenvolver infraestruturas para fins científicos e de investigação tecnológica no âmbito das ciências marinhas.
O principal objetivo da rede sismográfica nacional (banda larga e período curto) é a monitorização sísmica de todo o território português, desde os Arquipélagos dos Açores e da Madeira ao território continental, cobrindo o extenso segmento da falha Açores-Gibraltar. Para além da monitorização sísmica local e regional, a rede também contribui para os esforços de monitorização global.
A rede atual permite a deteção em tempo real de eventos de pequena magnitude, em quase todo o território. Assumindo que um sismo é detetado se for registado em pelo menos três estações, a magnitude mínima que é possível detetar corresponderá ao máximo dos três menores valores. Usando esta metodologia conclui-se que, em geral, é expectável detetar e localizar todos os eventos com magnitude ou superior a 1,0. Numa parte significativa do território continental, é possível detetar sismos com magnitudes tão pequenas quanto 0,5 ou mesmo 0,0, numa pequena área localizada em torno de Arraiolos e de Évora.
A lista das estações que constituem a Rede Sísmica Portuguesa - Continente, Arquipélago dos Açores e Arquipélago da Madeira - (com indicação dos códigos de estações, localização, tipo de sensores, canais e propriedade da estação) pode ser consultada aqui.